sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Prefeito Ipaupixuna que falou em “bandalheira” no TRE deverá ser interpelado

 

   O presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), desembargador Ricardo Nunes, pediu à Procuradoria da União no Pará que interpele judicialmente o prefeito Evaldo Cunha (PT), de Ipixuna do Pará, nordeste do Estado, sobre declarações ofensivas que teriam sido feitas pelo gestor contra o TRE, em julho do ano passado. Cunha, que voltava ao cargo após três dias da decisão do TRE que lhe cassou o mandato sob acusação de compra de votos, teria dito, num discurso em praça pública, que havia "bandalheira" no tribunal e que estava "envergonhado com a Justiça do Pará" porque o mandato lhe havia sido tomado "na marra, na corrupção". A O LIBERAL, o prefeito disse que tem "muito respeito pelo TRE" e que "qualquer pessoa entenderia a posição de um gestor cassado injustamente, com argumentos não convincentes. A gente acaba se aborrecendo".
 
   As imagens do discurso foram enviadas ao TRE pelo vereador Antônio Silveira Ferrari (PV) e embasam os argumentos manifestados por Nunes no Ofício nº 317/2011, protocolado anteontem junto ao procurador-chefe da União no Estado, José Mauro de Lima Ó de Almeida. Segundo o desembargador, as declarações "ofensivas" do prefeito "maculam a honorabilidade da Justiça Eleitoral paraense, transparecendo pretenso comprometimento da sua estrutura como um todo, uma vez que, a seu ver, seria composta indistintivamente de corruptos os quais se limitam a conduzir uma verdadeira ‘bandalheira’, por diversas vezes reportada no discurso e que teria sido reconhecida até mesmo pelo ministro Ricardo Lewandowski, ao proferir sua decisão (que concedeu liminar devolvendo Cunha ao cargo)".
 
   Para "resguardar a honra" do TRE e de seus magistrados, o desembargador pede que o prefeito informe expressamente os nomes dos dos juízes que teriam contribuído para a citada ‘bandalheira no TRE-PA’, explicando qual magistrado teria lhe tomado o mandato "na marra, na corrupção", bem como comprove as denúncias para que o tribunal possa punir os responsáveis.
 
   Cunha disse a O LIBERAL que não se recorda das palavras usadas no discurso, mas já sabia que imagens do fato haviam sido enviadas por opositores ao tribunal: "Tenho sido muito perseguido por adversários políticos, que querem jogar a justiça contra mim". Ele também argumentou que as acusações de crime eleitoral, no pleito de 2008, foram rejeitadas pelo juiz de primeira instância e que o parecer do Ministério Público e o despacho do ministro Lewandowski concluíram que havia "indícios de produção de provas" no processo. O prefeito também disse que, apesar da situação constrangedora junto ao TRE, ele está otimista em sair vitorioso no julgamento dos embargos sobre o caso, que estão prestes a acontecer naquele Poder. "Também quero fazer parceria com o Tribunal de Justiça do Estado (TJE) para construir o fórum do município e o cartório eleitoral, que não temos", acrescentou.
O Liberal

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