quarta-feira, 13 de abril de 2011

Hospital Regional de Tucuruí: ainda


cr   No início do atual governo, sabendo que a direção do Hospital Regional de Tucuruí (HRT) seria objeto de desinteligências políticas entre forças locais, enviei ofício ao secretário de Saúde sugerindo que fosse feita uma intervenção da unidade.
 
   Na ocasião, demonstrei preocupação com a inconveniência cometida pela Prefeitura de Tucuruí, que transferiu a maternidade do Hospital Municipal para dentro do HRT, sem adequação da sua estrutura física e operacional.
 
   A SESPA nomeou uma “interventora” que, imaginei, faria o levantamento da situação, tomando as medidas cabíveis e assinando a prefeitura municipal um prazo para termo da anomalia.
 
   Recebo informações de que o HRT sofre um processo de insuficiência, exigindo medidas gerenciais que ofereçam os serviços de forma, pelo menos, razoável, o que, nas circunstâncias, já seria ótimo.
 
   Noticia-se que o HRT sobrecarrega-se pelo suposto escoramento dos serviços de saúde básica do município na sua estrutura, correndo o risco de se transformar em um mero depósito de doentes.
 
   Foram instalados, por exemplo, três leitos de UTI no Pronto Socorro do HRT, mas, além da inconveniência estrutural, a medida não foi acompanhada de disponibilidade de pessoal especializado.
 
   Embora sem cadastro no SUS, o HRT tem uma UTI Neonatal que suporta até 16 recém-nascidos. Esta estrutura é sobrecarregada a até 27 pacientes: ambiente para uma tragédia aos moldes da morte de bebês na Santa Casa, em Belém.
 
   O laboratório do HRT está praticamente desativado, o que prejudica os diagnósticos eventuais, inclusive o acompanhamento específico dos pacientes de UTI.
 
   A “Maternidade Municipal”, transferida para o HRT, inclusive com a suposição de que a Prefeitura de Tucuruí não efetua os repasses das AIHs pelos procedimentos, funciona em um arranjo inadequado, o que expõe os pacientes a um nível elevado de probabilidade de infecção.
 
   Há notícias de que, com a lotação da UTI, pacientes que lhe fazem jus estão sendo monitorados em leitos de Clínica Médica, e alguns, após cirurgia neurológica, permanecem por mais de 48 horas no centro cirúrgico.
 
   O município canibaliza o HRT, realizando ali procedimentos básicos de ultrassom, Raios-X, lavanderia, alimentação e esterilização.
 
   A precariedade da situação levou o 2º Promotor de Justiça de Tucuruí a visitar as dependências do HRT. A visita equivocou-se no foco, ao colocar lentes na não instalação dos aparelhos que efetivariam o funcionamento da “Unidade de tratamento de câncer”.
 
   Embora a instalação dos equipamentos seja uma necessidade, não é este o problema flagrante do HRT: merece imediata ação da promotoria a constatação da precariedade na prestação dos serviços já existentes e suas causas imediatas, principalmente a apuração do que há de verdade nas denúncias de que o município não está repassando ao HRT os procedimentos que aponta no sistema.
 
   Compreendo as conveniências de geografia política entre a SESPA e o prefeito municipal de Tucuruí, mas, não é aceitável que a Secretaria seja resiliente com uma situação que potencializa as dificuldades encontradas para prestar serviços de saúde em toda a área que o HRT cobre.
 
   A SESPA precisa agir imediatamente, colocando os pingos nos is, recebendo os serviços que presta e expurgando os que não recebe.
 
   Aos 100 dias do atual governo, ainda está válida a observação inaugural do governador Simão Jatene: “há pouco espaço para erros.”.

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